quarta-feira, 12 de maio de 2010

Medidas de Choque

O Governo prepara o terreno para aplicar medidas duras de combate ao deficit. Prepara-o como é hábito fazendo correr uns boatos, que prepararão o povo, e que depois serão formalmente anunciadas.


Pensei inicialmente que as medidas de captação de receita directamente dos vencimentos seriam aplicados sobre os trabalhadores do Estado, os funcionários públicos, pois o Estado é que tem a dívida (pelo menos a pública).










Mas, sendo certo que existem trabalhadores públicos a mais e que a sua produtividade deixa muito a desejar, o Estado não serve apenas os funcionários públicos e a dívida não lhes pode ser assacada só a eles. O desperdício, má gestão, ou seja o que for que gerou este descalabro, não terá aproveitado apenas os funcionários públicos, mas todos os portugueses (uns mais que outros, claro, mas isto é como todas as médias: eu comi um bife, o outro não comeu nada, em média comemos metade cada um).

Esta dívida é responsabilidade de todos. Como sempre digo, temos os políticos, os gestores, os juízes, a justiça que merecemos. Nenhuma das pessoas que ocupam estes cargos é importada ou subcontratada a outro país*. Todos eles são portugueses, saem e são parte do povo. Se não temos melhor, é porque não o exigimos e não exigimos o mesmo a nós próprios. Porque não nos associamos, porque corremos a gozar pontes sempre que possível, porque não criticamos os feriados extra dados pelo Governo, porque não fazemos manifestações de indignação pelo estado da justiça, porque aceitamos a cunha, a fuga ao fisco, porque admiramos os "espertos", os que conseguem enganar o Estado, etc, etc.










Assim, embora me custe ter que pagar, até porque não tenho dívidas, aceito que todos "paguem a crise". E como é hábito, o "todos" é relativo. Porque ganham pouco, lá ficarão de fora os profissionais liberais do costume, os empresários que ganham ordenado mínimo, mais valias de bolsa que pagarão 20% (?) contra taxas de até 45% sobre o rendimento do trabalho (e até agora ainda era pior: pode-se pagar 40% de IRS mas 0% sobre mais valias de bolsa).

E, de novo, temos o que merecemos.


* - Aqui está uma boa ideia: colocar a governação em outsourcing. Na Suécia ou na Alemanha, por exemplo.
Apesar de tudo, ainda continuo a pensar que não devíamos comemorar o dia 1DEZ.


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