quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

A sociedade viciada no automóvel

De João A M Santos, no Facebook em DEZ2017:

"Porque é Natal...

A sociedade ocidental, e a portuguesa também, naquilo que nos diz respeito, vive neste momento uma crise de paradigmas de mobilidade devida ao crescente aumento e utilização (sim, são coisas diferentes) do parque automóvel, e dos veículos motorizados de uma forma geral, nos seus centros urbanos. Sem querer fazer a apologia (ou detracção) de qualquer meio de transporte em particular, creio que podemos afirmar que, no caso da sociedade portuguesa, o leque de alternativas de transporte é menor que em outros países europeus. Mesmo que essa limitação esteja no interior de cada um. Basta irmos a Barcelona para verificarmos a quantidade de "scooters" existente relativamente ao número de automóveis, ou ir a qualquer cidade holandesa ou alemã para verificarmos o número de bicicletas que por lá circulam diariamente. Nestes últimos casos, estamos a falar de números que, para os nossos padrões, são astronómicos. Em Amesterdão, por exemplo, onde mais de 60% da população utiliza diariamente a bicicleta, podemos ter um fluxo destas, em certas artérias, que ombreia com o fluxo de veículos na CRIL em Lisboa ou na VCI no Porto. Na Alemanha, mas não só, vemos pessoas já de certa idade (idade para ter juízo, diremos nós), a ir diariamente para o seu local de trabalho de bicicleta: dar aulas numa universidade ou trabalhar num hospital, por exemplo. Em Portugal, salvo algumas excepções, estas situações são inexistentes. Nos grandes centros urbanos, a percentagem de pessoas que usa a bicicleta como meio de transporte primário, ou que se desloca diariamente quatro quilómetros (cerca de quarenta minutos) a pé para ir trabalhar, é, infelizmente, muito reduzido. Mas nem sempre foi assim. A motorização da população durante os anos 60 e 70 do século passado foi galopante em Portugal e, contrariamente ao que aconteceu noutros países europeus, os restantes meios de transporte não conseguiram acompanhar esta tendência e oferecer alternativas. Nos anos 80 e 90, seguiu-se a mesma orientação: acabaram-se com linhas de comboio e alcatroou-se Portugal do Norte ao Sul com auto-estradas. Algumas, manifestamente de pouca utilidade. Ao mesmo tempo, os acessos pedonais, as bicicletas e os transportes públicos não seguiram a mesma tendência de crescimento, sofrendo, em alguns casos e em alguns locais, uma implosão quase total. Com este processo, a sua memória colectiva apagou-se. A geração nascida por volta da segunda guerra mundial foi praticamente a primeira a ser influenciada pelo novo paradigma, e a ser massivamente "encartada" e orientada para a condução de veículos automóveis. Esqueceram rapidamente o hábito da geração anterior de se fazer deslocar a pé, de bicicleta e de comboio, para muito curtas, curtas e longas distâncias respectivamente, e a memória destes meios de locomoção ficou indelevelmente apegada a uma época de privação de meios económicos e de conjunturas sociais adversas. O automóvel surgiu como um sinal de progresso e riqueza e rapidamente se tornou o padrão para a mobilidade dentro e fora das cidades. E assim continuou até chegarmos à situação actual, com evidências de ser cada vez mais incomportável a vários níveis. Recentemente, talvez devido à crise económica e à crescente consciência ecológica, uma muito estreita faixa da população tem vindo a colocar a hipótese de voltar a utilizar meios de transporte mais suaves, mais eficientes do ponto de vista energético, menos poluentes, que promovam uma maior actividade física e que, consequentemente, beneficiem a saúde. A bicicleta é um deles. É tempo talvez das autoridades competentes olharem a sério para este facto e aproveitarem esta disposição que pode não durar muito se não for acarinhada. Muitos esperam apenas que alguém lhes faça ver que existem outras alternativas ou então sentirem que podem ir para o trabalho a quatro ou cinco quilómetros de casa em quinze minutos sem risco de terem um acidente grave. Um sério e ponderado investimento nestes meios de transporte talvez se justifique a médio e a longo prazo, com reflexos na economia, no Sistema Nacional de Saúde e na felicidade colectiva da população. Afinal, apenas devido a acidentes de viação, e segundo dados da ANSR referentes a 2015, morreram nesse ano em Portugal 363 condutores, 84 passageiros e 146 peões. E daí também resultaram 1975 feridos graves. Destes, uma grande percentagem foi de crianças. As "tragédias" são-no pelo enquadramento que se lhes dá, mas estes números equivalem bem a uma mão cheia de atentados terroristas ou a duas ou três quedas de aviões cheios de portugueses apenas durante um ano. Talvez não fosse má ideia pensar nisto como uma oportunidade de fazer alguma coisa e, principalmente, alterar políticas, mentalidades e comportamentos."

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Proposta de redução de sacos de plástico - Wells

"Acabei de comprar uma pequena caixa de comprimidos na Wells. Como sempre, a funcionária colocou a pequena caixa num saco de plástico.​
Trate-se de um xarope de 500g, trate-se de uma caixa de comprimidos de 20g, sempre um saco. Seja algo volumoso ou minúsculo, não importa se a pessoa tem ou não onde guardar (saco de senhora; pasta; bolso; ...), é sempre dado um saco.
Sabemos qual o destino desses sacos mal se chega a casa: na melhor das hipóteses colocado na reciclagem, com frequência no lixo normal e muitas vezes simplesmente largado no ambiente.

Como sabem, um dos grandes problemas que criámos, e que põe em causa a saúde da humanidade (e naturalmente dos restantes organismos vivos), talvez mesmo a sua sobrevivência, é a gigantesca e crescente proliferação de plástico na natureza, grande parte do qual é plástico descartável, nomeadamente sacos.
As farmácias são lugares de promoção da saúde. Gostaria de as ver como parte da solução, e não do problema.

Por isso, venho propor à Wells, como detentora de muitas farmácias, e por isso com um grande impacto neste tema, que

1) Os funcionários, em vez de distribuírem  um saco por cada cada compra por iniciativa própria, sem questionarem o cliente, passem a perguntar sempre ao cliente "Precisa de saco?", e não "Quer saco?"
Naturalmente muitas pessoas, igualmente não alertadas ou desinteressadas do problema, aceitarão sem pensar no assunto, mas outras talvez pensem se precisam mesmo daquele saco e não o aceitem.

2) melhor que a anterior: eliminar totalmente os sacos de plástico. Em vez de distribuírem  um saco de plástico por cada cada compra por iniciativa própria, sem questionarem o cliente, passem a perguntar sempre ao cliente "Precisa de saco?", e , em caso afirmativo, utilizem exclusivamente sacos de papel, sem asas, como já são utilizados em muitos outros estabelecimentos.


Estou certo que qualquer uma das duas medidas teria um impacto global nacional muito positivo, dado o elevado número de pontos de distribuição. Para além do bem estar dos presentes e da saúde da economia, gostaria que os meus filhos tivessem futuro."



Algumas semanas depois, a resposta que nada promete:

"Tivemos conhecimento da sugestão de V. Exa. relativa a “Sacos de plástico” efetuada via Continente Online, na loja Well’s Saúde do Vasco da Gama e informamos que mereceu a nossa melhor atenção.

Antes de mais, agradecemos a sugestão apresentada e lamentamos por apenas agora nos ser possível responder.

Em relação ao assunto que nos expõe, gostaríamos de informar que já encaminhamos esta situação para a respetiva Direção."

O Tejo está a morrer

"O Tejo está a morrer."

Quem vive na zona da grande Lisboa não se apercebe desta realidade. É uma população crescentemente alheada da natureza e da ligação que temos com ela, queiramos ou não. Por maior que seja a seca, ou a escassez de alguns alimentos, as condutas continuam a alimentar o consumo irracional de água, os porta-contentores e camiões mantêm o fluxo de alimentos, do interior de Portugal ou do outro lado do mundo.

O rio ali é essencialmente mar, e o mar não está a secar - ao contrário, o seu nível médio até está a subir. Ao longo dos últimos anos, fruto de investimentos em saneamento e afastamento de indústria poluente, a qualidade a água até terá melhorado muito.
E no entanto quanta responsabilidade, pela quantidade, mas também pela atitude, tem esta imensa população na morte do rio!

Com quando desperdiçamos água, tal como ao lavar a louça com a torneira no máximo durante 20 minutos (para depois a máquina de louça voltar a lavar), ou lavamos dentes ou fazemos a barba com a torneira sempre bem aberta - é que esta água é retirada diretamente da bacia hidrográfica do Tejo e aquela que atiramos esgoto abaixo não passará debaixo das pontes desde o Zêzere até à foz.

Quando desperdiçamos papel, como ao retirar 6 ou 7 folhas de papel para secar uns míseros mililitros de água das mãos - é que este papel é produzido nomeadamente em celuloses nas margens do Tejo, que contribuem para o poluir. Os eucaliptos que alimentam estas máquinas económicas, por sua vez, contribuem eles também para degradar as encostas do sistema hidrográfico do Tejo.

Quando desperdiçamos energia elétrica, estamos a promover o represamento de água nas múltiplas barragens do Tejo e seus afluentes, e a promover a construção de novas. Com menores necessidades de energia, as empresas exploradoras poderiam libertar mais caudal para dar vida ao rio.

Quando compramos vegetais em quantidade suficiente para comer e desperdiçar, só porque temos dinheiro para tal e os preços são baixos, nomeadamente os produzidos nas zonas do sul de Espanha irrigadas com transvases do Tejo, estamos a desviar a água que deveria correr até Portugal. Se comprarmos apenas o que consumirmos, sem desperdício, reduziremos a necessidade de roubar água ao Tejo.



Talvez a culpa da morte do Tejo não seja só d´"ELES." Se calhar, todos somos responsáveis por isso, e todos podemos fazer alguma coisa para inverter a situação.
Mas é tão mais confortável dizer que "ELES" não fazem nada...



https://www.publico.pt/2017/11/19/sociedade/noticia/guerra-da-agua-e-poluicao-no-tejo-espanhol-ameacam-portugal-1793077

https://www.publico.pt/2017/11/19/fotogaleria/o-tejo-esta-a-morrer-em-espanha-379102

sábado, 18 de novembro de 2017

Excesso de sacos de plástico nos mercados tradicionais

Também no comércio tradicional o uso e abuso de sacos de plástico continua.
Estes são exemplos de um mercado semanal.
Apesar do pão ou do queijo já terem sacos, apesar da esmagadora maioria dos compradores frequentarem o mercado com um carro de compras ou com sacos grandes, pois compram bastante, o gesto dos vendedores é automático: não perguntam, e não se perguntam se o comprador precisa de saco. Sacos dentro de sacos. Sacos que não servem para nada assim que entram no carrinho de compras. O destino é o lixo mal se chega a casa.

Pode parecer pouco significativo, quando comparado com as grandes superfícies. Mas há mercados tradicionais com muita procura, e estes vendedores fazem mercados diariamente. Trata-se na realidade de enormes quantidades de plástico.





quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Proposta de redução de sacos de plástico - Associação Nacional de Farmácias

Enviada por email proposta à ANF:

Em qualquer farmácia, e por qualquer tipo de compra que se faça, seja qual for o peso, o tamanho ou a quantidade, o funcionário coloca os produtos num saco de plástico (eventualmente haverá exceções, mas esta é a minha experiência em todas as farmácias onde compro).
Trate-se de um xarope de 500g, trate-se de uma caixa de comprimidos de 20g, sempre um saco. Seja algo volumoso ou minúsculo, não importa se a pessoa tem ou não onde guardar (saco de senhora; pasta; bolso; ...), é sempre dado um saco.
Sabemos qual o destino desses sacos mal se chega a casa: na melhor das hipóteses colocado na reciclagem, com frequência no lixo normal e muitas vezes simplesmente largado no ambiente.

Como sabem, um dos grandes problemas que criámos, e que põe em causa a saúde da humanidade (e naturalmente dos restantes organismos vivos), talvez mesmo a sua sobrevivência, é a gigasntescas e crescente proliferação de plástico na natureza, grande parte do qual é plástico descartável, nomeadamente sacos.
As farmácias são lugares de promoção da saúde. Gostaria de as ver como parte da solução, e não do problema.

Por isso, venho propor à ANF, como representante de centenas ou milhares de farmácias, e por isso com um grande impacto neste tema, que

1) As farmácias, em vez de distribuírem  um saco por cada cada compra por iniciativa própria, sem questionarem o cliente, passem a perguntar sempre ao cliente "Precisa de saco?", e não "Quer saco?"
Naturalmente muitas pessoas, igualmente não alertadas ou desinteressadas do problema, aceitarão sem pensar no assunto, mas outras talvez pensem se precisam mesmo daquele saco e não o aceitem.

2) melhor que a anterior: eliminar totalmente os sacos de plástico. Em vez de distribuírem  um saco de plástico por cada cada compra por iniciativa própria, sem questionarem o cliente, passem a perguntar sempre ao cliente "Precisa de saco?", e , em caso afirmativo, utilizem exclusivamente sacos de papel, sem asas, como já são utilizados em muitos outros estabelecimentos.


Estou certo que qualquer uma das duas medidas teria um impacto global nacional muito positivo, dado o elevado número de pontos de distribuição.




Resposta alguns dias depois:

"Informamos que a sustentabilidade ambiental é uma das áreas de intervenção das Farmácias Portuguesas.

Neste âmbito, a participação das Farmácias, através desta Associação, na sociedade Valormed, como projecto ambiental e de responsabilidade social na gestão dos resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso, permite recolher anualmente cerca de 1.000 toneladas de resíduos.

Quanto ao exposto, acolhemos com interesse a sua sugestão, que procuraremos materializar no reforço da intervenção ambiental das Farmácias Portuguesas."

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Excesso de embalagens



No Continente, para 5 sardinhas, 3 sacos de plástico. Trabalhando para a sustentabilidade?
Sempre que peço para evitar um saco, olham-me como a um extra terrestre. É preciso que os empregados não forcem a distribuição de sacos, antes promovam o contrário.



Mentalidade de plástico



Levei uma caixa para colocar o peixe no Pingo Doce. A funcionária da peixaria lá fez o que lhe pedi. Mas no fim ainda tive que insistir, queria ainda assim meter a caixa num saco apenas para poder colar a etiqueta.


Chego à caixa, a funcionária olhou o "artigo" por todos os lados. Alguns momentos depois pergunta quem é que tinha feito aquilo. Disse-lhe que foi na peixaria. Ela que aquilo não se pode fazer, "eles" não querem...

As nossas associações ambientalistas poderiam ajudar a combater esta praga do plástico, começando apenas por mudar a atitude dos empregados (por instruções dos empregadores, claro).



Atualização em JUL2022




quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Proposta de redução de sacos - FNAC e WORTEN

Até à data, nenhuma resposta da FNAC:


"Nas lojas, os operadores das caixas colocam qualquer artigo, seja grande, seja minúsculo, seja frágil, seja robusto, num saco, sem perguntar ao cliente.
Essa distribuição de sacos é um desperdício e um atentado ambiental.
Porque não alterar o procedimento e perguntar ao cliente se "precisa" (não é se "quer") de um saco?
Imagino que a Fnac também tenha preocupações ambientais, este seria um passo positivo.
Obrigado"



Mesma questão à Worten:

"Nas lojas, os operadores das caixas colocam qualquer artigo, seja grande, seja minúsculo, seja frágil, seja robusto, num saco, sem perguntar ao cliente.

​ Ainda há uns dias, uma pen drive, que pesa alguns gramas e tens uns 100cm2, lá ia para um saco se eu não o recusasse.​

Essa distribuição de sacos é um desperdício e um atentado ambiental.
Porque não alterar o procedimento e perguntar ao cliente se "precisa" (não é se "quer") de um saco?
Imagino que a Worten t​ambém tenha preocupações ambientais
; ​este seria um passo ​muito ​positivo​ pela sua dimensão no mercado.​

Obrigado"




Entretanto a Worten, depois de uma resposta inicial vazia e standard, respondeu que a sugestão vai ser analisada.


terça-feira, 17 de outubro de 2017

Yes we can

Acordo às 7:25.
Às 8:00 saio para acompanhar os meus filhos à escola, a pé e/ou de bicicleta, conforme os dias.
Gasto nisto cerca de meia hora. Às 9:30 estou no meu trabalho em Lisboa, a 30 kms de distância, depois de utilizar 2 comboios e a bicicleta. Nos dias em que não vou levar os filhos à escola, chego às 9:00.
Levá-los a pé ou de bicicleta custa meia hora. É possível, sem carro, e trabalhando a 30km de distância. Mas claro, não é possível para mais ninguém, há sempre um mas.



segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Proposta para a Avenida da República, Parede, em SET2013

Proposta apresentada à Câmara Municipal de Cascais em SET 2013

Introdução

O troço da Avenida da República, na Parede, entre a Praceta António Sérgio e a Rua Dr. Câmara Pestana tem elevado volume de trânsito. Apresenta do seu lado esquerdo (sentido Parede -> Carcavelos) um passeio contínuo mas com más condições de utilização. Não garante continuidade a partir do cruzamento com a Avenida Amadeu Duarte e, por estar do lado da rua junto do qual o trânsito circula, é um passeio desagradável e perigoso para a circulação pedonal. No lado direito da rua existe descontinuidade de passeio. A nova urbanização Rosa Maria dotou a rua de passeio de qualidade nessa zona. O restante troço, porém, tem deficiências ou o passeio não existe de todo. O meu pedido, que explico abaixo, vem no sentido de aproveitar o impulso dado por esta urbanização e criar um corredor pedonal com segurança e agradável, com largura e sem desníveis, entre o cruzamento com a Av Amadeu Duarte e a Rua Dr Câmara Pestana, nesta que é uma espinha dorsal da Parede, tanto em volume de trânsito como em circulação pedonal. A partir da Rua Dr Câmara Pestana, a Av da República tem um passeio recente que, apesar de ter sido construído estreito, garante segurança e qualidade de circulação daí em diante. Adicionalmente, o meu pedido prevê a reorganização e criação de melhor estacionamento neste troço da Avenida, assim como o início da ciclovia que a revisão do PDM em curso prevê.





Local - enquadramento




Troço da Avenida da República, na Parede, entre a Praceta António Sérgio e a Rua Dr. Câmara Pestana.

Caracterização








Características 

• Rua larga, com capacidade para mais de duas faixas de rodagem na maioria do traçado em causa
• Mas via de de sentido único
• Elevado fluxo de trânsito 

Problemas de circulação pedonal

• Passeio esquerdo (sentido Parede -> Carcavelos) estreito em diversos troços, inclinado e escorregadio, perigoso, reduzido por sebes constantemente mal aparadas em diversos pontos
• Passeio esquerdo está junto do trânsito que circula a velocidade elevada
• Passeio direito com descontinuidades, inexistente numa parte, ocupado por automóveis estacionados, com desníveis de lancis


Passeio direito, problemas por troços



Zona A – troço até Praceta António Sérgio
• Passeio muito estreio, apesar da via permitir uma faixa de estacionamento automóvel deste lado do passeio

Zona B – em frente do novo empreendimento Rosa Maria
• Nesta zona o passeio é bom e o estacionamento está ordenado. Com o empreendimento, porém, o fim do passeio termina num lancil, que deve ser eliminado

Zona C – desde o empreendimento Rosa Maria até à Praceta dos Plátanos
• Nesta zona a rua alarga ainda mais, mas na prática não existe qualquer passeio, uma vez que os carros estacionam (como se pode ver acima). Os peões circulam em terra de ninguém, entre os carros estacionados e os carros em circulação rápida. Falta passadeira para atravessar a rua de acesso à Praceta dos Plátanos 

Zona D – desde a Praceta dos Plátanos à Rua Dr. Câmara Pestana
• A rua continua larga, mas o passeio é desnecessariamente estreito. Os carros estacionam em espinha, ocupando o passeio


Detalhe – zona A


Zona A – troço até Praceta António Sérgio
• Passeio vem estreitando a partir da Urbanização Quinta de Santo António
• No entanto a rua é larga o suficiente para que se alargue o passeio, mesmo mantendo o estacionamento





Detalhe – zona C

Zona C – desde o empreendimento Rosa Maria até à Praceta dos Plátanos
• Passeio em frente ao Rosa Maria está a terminar num desnível em lancil, em vez de rampa
• A seguir, existe um espaço largo, com uma espécie de estacionamento, que os automóveis ocupam de qualquer maneira, não deixando qualquer passeio livre. Os peões têm que circular entre os carros que estejam estacionados e os veículos em movimento na rua
• No fim deste troço, não existe passadeira para atravessar o acesso à Praceta dos Plátanos







• Detalhe, com paragem de autocarro, com um estacionamento que é ocupado pelos carros
• Falta passadeira à frente



Detalhe – zona D





Zona D – desde a Praceta dos Plátanos à Rua Dr. Câmara Pestana

• Apesar da rua larguíssima, o passeio é estreio e ainda é ocupado pelos automóveis em espinha
• Os contentes do lixo esperam o peão que atravessa em direcção a esse passeio




• Estacionamento longitudinal, recente, apesar da rua larga, que os automóveis não respeitam estacionando em espinha


Proposta – linhas gerais





1. Redimensionar a via em todo este troço de modo que tenha a largura de 1,5 faixas de rodagem. Ie, que permita fluidez de trânsito em condições normais e que permita a passagem fácil a qualquer veículo mesmo que outro esteja parado na via por qualquer razão.

2. Fazer do lado direito um passeio digno, seguro e agradável (julgo que é perfeitamente possível que tenha 2 metros de largura em toda a sua extensão), sem qualquer lancil (ie, todos os desníveis devem ser em rampa suave) e com passadeira para atravessar o acesso à Praceta dos Plátanos

3. Dotar o passeio de pilaretes onde não exista estacionamento em espinha

4. Fazer estacionamento em todos os locais onde seja possível, de preferência perpendicular à via/em espinha

5. Implementar ciclovia de sentido único neste troço, de acordo com proposta constante na revisão do PDM em curso, documento Mobilidade e Acessibilidades, 01.04.02B

Proposta– zona A



Zona A – troço até Praceta António Sérgio

• Alargar passeio à custa da via, que ainda manterá a largura suficiente
• Manter estacionamento longitudinal
• Para já, não fazer ciclovia neste troço (fazê-la eliminaria o estacionamento) , uma vez que a velocidade de trânsito nesta zona permite a coexistência de veículos automóveis e bicicletas

Proposta– zona C



Zona C – desde o empreendimento Rosa Maria até à Praceta dos Plátanos

• Passeio deverá ser construído na zona mais à direita, encostado à sebe, dando sequência ao existente em frente do Rosa Maria
• Plantar árvores no novo passeio
• Deverá ser possível construir estacionamento perpendicular à via, ou pelo menos em espinha
• Fazer ciclovia. Para isto, bastará marcar o pavimento e colocar alguma sinalização vertical
• Fazer passadeira para atravessar acesso à Praceta dos Plátanos
• Eliminar lancis, criando rampas suaves quando necessário


Proposta– zona D







Zona D – desde a Praceta dos Plátanos à Rua Dr. Câmara Pestana

• Retirar os contentores do ponto de atravessamento da rua
• Alargar passeio se necessário
• Plantar árvores
• Formalizar o estacionamento perpendicular ou em espinha. Impedir ocupação de passeio pelos automóveis
• Continuar a ciclovia até ao cruzamento com a Rua Dr Câmara Pestana. Esta rua e a Rua Dr Manuel de Arriaga, para as quais o PDM prevê também ciclovia, não necessitam tanto dela, coexistindo melhor o trânsito automóvel com as bicicletas. Ainda assim, seria um grande progresso tornar estas duas ruas de sentido único, e implementar ciclovia até à estação de Carcavelos, conforme previsto no PDM.

Anexo 1 – ciclovia proposta no PDM




In PDM Cascais 2013, http://www.cm-cascais.pt/sites/default/files/anexos/gerais/01-04-02b_acessibilidades.pdf , Mobilidade e Acessibilidades, 01.04.02B

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

7-anos-7 para resolver passeio perigoso

Finalmente em 30SET2017 ficou resolvido um ponto de extremo perigo para os peões, no entroncamento da Rua Dr. José Joaquim de Almeida, Av. da República, e Estrada da Rebelva, em Carcavelos/Parede.

Foram preciso 7 anos de insistências, propostas e  reuniões para obter esta solução de ponte pedonal + passadeira, que havia sugerido já em 2011.
Uma boa solução, que só peca por (muito) demorada.

Antes:



Depois:




Mesmo depois da ponte feita, em DEZ16/JAN17, foram ainda precisos cerca de 9 meses para fazer a simples passadeira que tornou finalmente útil a primeira.

Palavras para quê, esta é a prioridade dada ao peão no concelho de Cascais.

Percurso pedonal seguro e confortável entre o Junqueiro e Praia da Parede - Pedido à Câmara Municipal de Cascais em 30JAN2017

Parede, 30JAN2017
Assunto: percurso pedonal seguro e confortável entre o Junqueiro e Praia da Parede

Ex.mos Senhores

Da zona do Junqueiro para a Praia da Parede existe uma passagem pedonal pouco conhecida. Faz a ligação entre a Rua Vasco da Gama, ainda do lado do Junqueiro, e a Rua António José de Almeida, já muito próxima da praia. A passagem em causa está assinalada abaixo:



Esta passagem serve uma zona bastante grande, tanto do lado do Junqueiro, como do outro lado da linha férrea, por via da passagem superior da Rua de Moçâmedes. Graças a esta passagem existe uma ligação pedonal rápida à praia:



Quem vem pela Rua de Luanda, encontra porém algumas dificuldades a partir do cruzamento com a Rua de Cabinda.



Se optar pelo lado esquerdo da rua, tem boas condições até ao ponto A.
Aí o passeio está sempre ocupado por automóveis e os peões têm que passar pelo espaço que os automobilistas entendem deixar desocupado.
  


Atravessa-se a passadeira, e mais à frente (B) novo passeio permanentemente ocupado também por automóveis. Por vezes é difícil aceder à passagem a que me refiro, mais à frente.



Optando-se pelo lado direito da rua, primeiro percorre-se um passeio de largura que não cumpre a lei (C), apesar de estar desocupado de carros por ter pilaretes.
Mais à frente, o passeio voltar a estar sempre ocupado ilegalmente por automóveis (D), muitas vezes obrigando a circular pela rua. Note-se que do lado contrário há estacionamento legal.


 
Chega-se então ao ponto E não é possível atravessar de forma segura para a dita passagem, pois não existe nenhuma passadeira.





Venho solicitar à CMC que crie pelo menos uma alternativa segura e confortável, a que os peões têm direito por lei, de modo que esta vasta área tenha um acesso rápido à Praia da Parede.
No caso do percurso pelo lado esquerdo da Rua de Luanda, não são preciso mais que uma mão cheia de pilaretes para impedir os automobilistas de ocuparem ilegalmente o passeio. Todas as outras condições existem já.
No caso do percurso do lado direito da Rua de Luanda serão necessários pilaretes para libertar os passeios e criar uma passadeira como abaixo, ou solução com o mesmo fim:



Não basta a CMC manifestar a intenção de promover a mobilidade por meios suaves, nomeadamente no PDM. É com pequenas intervenções como esta que se criam pequenos percursos pedonais seguros, confortáveis e rápidos, que depois se vão interligando uns aos outros. Depois, com alguma divulgação na zona, associado a uma fiscalização eficaz do estacionamento ilegal (note-se que alguns destes carros a ocupar passeios se devem à taxação do estacionamento junto da praia), algumas pessoas trocarão a deslocação de carro por deslocação a pé, cumprindo-se o objectivo.


A intervenção do lado esquerdo (ie, pilaretes) é uma obra mínima. Faltam 6 meses para o Verão, desafio a CMC a aceitar o desafio de criar um percurso pedonal aceitável até lá.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

A Nova School of Business and Economics em Carcavelos


Tenho observado as críticas acérrimas contra a localização da faculdade da Universidade Nova em Carcavelos.
As críticas podem agrupar-se em 3 categorias:

1) o trânsito
2)o  aumento de preço das casas
3) o ridículo de afetar um terreno de localização excecional, com vista para o mar, a uma escola


Sou da opinião contrária. Penso que esta faculdade é uma enorme mais valia e oportunidade para a zona em que se insere. Trará ao concelho e freguesia, que envelhecem, gente nova; contribuirá para aumentar a fasquia de nível educacional e cultural, portanto o nível de exigência ad população; aumentará e muito a economia local, ao mesmo tempo que criará emprego, por esta via também esbatendo um pouco o caracter dormitório de todo o concelho.

Qual é a cidade que diz não a ter uma faculdade? Quantas e quantas cidades de Portugal não lutaram durante anos (décadas!) para ter uma universidade, ou um instituto politécnico, por essa via criando até uma dispersão porventura excessiva do ensino superior no país?


Quanto às críticas em concreto:

1) O trânsito já hoje é excessivo e por exclusiva culpa dos habitantes locais. Devem eles começar por ponderar a moderação do uso do carro.
Mas, como todos sabemos, há universidade no centro de cidades já consolidadas, e essas cidades não querem ver-se livres delas.
Se queremos que a faculdade não gere trânsito, é preciso desenhar com esse objetivo. Comecemos por recordar que existem 2 estações da CP a curta distância. A de Carcavelos está a cerca de 1,6km, distância que se faz perfeitamente a pé, ainda mais dada a população em causa. Já para não falar da facilidade de a fazer de bicicleta, havendo infraestrutura adequada, até porque existe um sistema de bicicletas partilhadas no concelho.
Mas a melhor forma de garantir que não há trânsito adicional é não existir estacionamento. Se a escola possuir muito poucos lugares de estacionamento, e todas as zonas circundantes tiverem estacionamento pago, com exceção dos moradores, não haverá trânsito. Mas não criar estacionamento e taxá-lo é um pouco fora da mentalidade reinante, infelizmente.


2) Sim, deverá haver aumento do preço das casas por causa do aumento da procura. Mas também deverá haver aumento significativo da atividade económica na zona e aumento da oferta de emprego. Não há bela sem senão, dificilmente se terá apenas aspetos positivos em algo na vida.


3) Imaginemos uma empresa que ocupa um prédio alto, com uma boa vista nos pisos superiores. Se é uma empresa portuguesa, sabemos que esses pisos serão da administração. A vista será pouco partilhada, portanto. Se se tratar de uma empresa nórdica, o melhor piso terá o refeitório, que aproveita a todos os empregados.
É assim que vejo a atribuição daquele terreno a uma escola. Ao longo da sua existência, serão muito milhares os beneficiados pela qualidade do local, ao invés dos poucos adquirentes de uma casa ali, como acabam por ser todos os terrenos bons de Cascais. Temos ainda a opção hotel, mas não me parece que uma escola seja menos digna de ter aquele local.
Colocar ali um escola, ainda para mais superior, é dignificar a educação e a cultura. A localização é ainda um trunfo fortíssimo para potenciar a captura de estudantes estrangeiros, algo que todas as universidades do mundo fazem e que esta não esconde que é uma sua estratégia. E não me parece mal, antes pelo contrário. Só enriquece a nossa mentalidade tantas vezes fechada.



A Escola e Câmara deviam sim aproveitar a oportunidade para mudar o paradigma de deslocação e de espaço público, como sugeri em 2015 a ambos os presidentes (http://diaummais.blogspot.pt/2015/06/mobilidade-saudavel-para-carcavelos-uma.html). Infelizmente duvido que o faça, e teremos mais uma infraestrutura cercada de vias rápidas, à qual só se chega de forma confortável e segura .... de carro, como havia de ser? E lá voltamos ao triste tema do trânsito.

Nota: quanto ao processo e custo futuro de aquisição do terreno não me pronuncio por não ter informação sobre o mesmo.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

De comboio + bicicleta na linha de Cascais




É mesmo possível chegar de bicicleta a uma estação da linha de Cascais, apanhar o comboio e voltar a circular de bicicleta na baixa de Lisboa ou Cascais, por exemplo, com crianças. Não é mito.
Claro que não é para toda a gente. É preciso estar muito à vontade nas ruas com muito trânsito, por vezes com excesso de velocidade, e com muito pouca consideração pelo tráfego ciclista. A esmagadora maioria das pessoas nem sozinhas se atrevem, muito menos o fariam com crianças pequenas. Há riscos.

A possibilidade de fazer um tal percurso beneficia da facilidade criada pela CP em toda a sua rede urbana, que deve ser elogiada.
Já à Câmara Municipal de Cascais não há absolutamente nada a agradecer neste âmbito. Após anos e anos de falsos arranques (se é que o chegaram a ser) e vagas esperanças, não há uma única estação da CP que tenha alguma forma facilitada de se lhe chegar de bicicleta (julgo que no Estoril, à volta do Casino há qualquer coisa, mas não sei se serve para alguma coisa — da ciclovia do Paredão nem vale a pena falar, pois só serve para deslocações entre estações).

E era fácil fazer pouco que poderia acrescentar muito. Veja-se uma proposta há já muitos anos apresentada à CMC, e cujos técnicos até disseram coincidir em boa parte com os seus projetos ( projetos? Boas intenções?). Passados 5 ou 6 anos, nem um projeto concreto (ie, com plano e data a curto prazo) é conhecido.
Com aquela pequena rede já se davam condições a alguns milhares de pessoas para chegarem de um raio considerável a 2 estações CP, que facilmente também se prolongava até São Pedro. E como é evidente, aquele plano é apenas o início feito por um amador.




A criação de acessos cicláveis às estações da CP desta linha poderia e deveria ser o início de uma rede mais alargada. Evitaria parte das deslocações de carro para a estação. Poderia trazer para o comboio mais passageiros que hoje optam pelo automóvel. Ao mesmo tempo, criaria uma dinâmica de segurança, permitida pela infraestrutura e pela quantidade de ciclistas. Além das deslocações para as estações, seriam também servidas as deslocações para as escolas, jardins, praias, comércios e serviços das áreas das estações.

É preciso começar e este poderia ser o embrião de uma rede de mobilidade utilitária em bicicleta.