É mesmo possível chegar de bicicleta a uma estação da linha de Cascais, apanhar o comboio e voltar a circular de bicicleta na baixa de Lisboa ou Cascais, por exemplo, com crianças. Não é mito.
Claro que não é para toda a gente. É preciso estar muito à vontade nas ruas com muito trânsito, por vezes com excesso de velocidade, e com muito pouca consideração pelo tráfego ciclista. A esmagadora maioria das pessoas nem sozinhas se atrevem, muito menos o fariam com crianças pequenas. Há riscos.
A possibilidade de fazer um tal percurso beneficia da facilidade criada pela CP em toda a sua rede urbana, que deve ser elogiada.
Já à Câmara Municipal de Cascais não há absolutamente nada a agradecer neste âmbito. Após anos e anos de falsos arranques (se é que o chegaram a ser) e vagas esperanças, não há uma única estação da CP que tenha alguma forma facilitada de se lhe chegar de bicicleta (julgo que no Estoril, à volta do Casino há qualquer coisa, mas não sei se serve para alguma coisa — da ciclovia do Paredão nem vale a pena falar, pois só serve para deslocações entre estações).
E era fácil fazer pouco que poderia acrescentar muito. Veja-se uma proposta há já muitos anos apresentada à CMC, e cujos técnicos até disseram coincidir em boa parte com os seus projetos ( projetos? Boas intenções?). Passados 5 ou 6 anos, nem um projeto concreto (ie, com plano e data a curto prazo) é conhecido.
Com aquela pequena rede já se davam condições a alguns milhares de pessoas para chegarem de um raio considerável a 2 estações CP, que facilmente também se prolongava até São Pedro. E como é evidente, aquele plano é apenas o início feito por um amador.
A criação de acessos cicláveis às estações da CP desta linha poderia e deveria ser o início de uma rede mais alargada. Evitaria parte das deslocações de carro para a estação. Poderia trazer para o comboio mais passageiros que hoje optam pelo automóvel. Ao mesmo tempo, criaria uma dinâmica de segurança, permitida pela infraestrutura e pela quantidade de ciclistas. Além das deslocações para as estações, seriam também servidas as deslocações para as escolas, jardins, praias, comércios e serviços das áreas das estações.
É preciso começar e este poderia ser o embrião de uma rede de mobilidade utilitária em bicicleta.
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