Carta enviada ao Presidente da Câmara de Cascais.
Passados 2 meses ainda não houve qualquer resposta.
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Passados 2 meses ainda não houve qualquer resposta.
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Ao Exmo.
Senhor Presidente da Câmara de Cascais
14 de outubro de 2015
Texto em
http://www.eu2015lu.eu/en/actualites/articles-actualite/2015/10/07-info-transports/index.html:
The
European Union (EU) Ministers of Transport and Secretaries of State in charge
of this competence met in Luxembourg on 7 October 2015 for an informal meeting
devoted to cycling as a method of transport
[…]
Recalling
that bicycles are the most
effective method of transport for
distances of less than 7 km, Minister Bausch declared that they were an
essential part of all multimodal transport systems. Furthermore, they can
greatly improve the mobility and quality of life of 75 % of the European
population who live in urban areas, which suffer from pollution, noise and heavy
traffic, specified the Minister.
[…]
The Ministers and Secretaries of State signed a
declaration on cycling as a "climate friendly" transport mode
Following the Council, the Ministers and Secretaries
of State unanimously adopted a declaration on cycling as a "climate
friendly" transport mode. "I am happy that everyone pronounced
themselves to be in favour of the declaration and I will inform the formal
Transport Council of this during their meeting tomorrow",
indicated François Bausch.
In their declaration, the participants agreed on
several concrete recommendations:
·
Integrate bicycles into the multimodal transport
policy;
·
Encourage the Commission to equip itself with a
"bicycle strategy", by integrating bicycles into existing initiatives
in which they have a logical role to play, such as CIVITAS or Smart Cities and
Communities;
·
Set up a body within the Commission which is in charge
of the implementation of the "bicycle strategy" as well as the simple
and effective transfer of good practices in this field between Member States;
·
Appoint a national body in each Member State which
could collect and disseminate examples of good practices between Member States
and cooperate with the European body and other existing forums;
·
Guarantee that national infrastructure projects take
account of and increase international, national, regional and local cycle
networks;
·
Include cycling
in local and regional urban projects;
·
Mobilise good practices, financing opportunities and
guidelines by working closely with the European body.
For
Commissioner Bulc, it is an "important basis" on which Member States
will be able to cooperate and the Commission will follow its development very
closely. "From now on, bicycles are
an official method of transport", she declared.
Exmo. Senhor Presidente,
Gostava
de chamar a sua atenção para aquilo que se vai passando pela Europa em termos
de mobilidade em bicicleta, assim como em muitas cidades e vilas portuguesas. Exemplo
de Lisboa, para não ir mais longe.
Eventualmente
Cascais estará a estudar o tema e terá planos de desenvolvimento nesse âmbito. Que
eu conheça, porém, e apesar de muitas sugestões nesse sentido, sei apenas de
intenções: uma ciclovia na Quinta do Barão, julgo que sem prazo; previstas boas
condições para circulação de bicicleta na futura Quinta dos Ingleses, mas
igualmente sem prazo e apenas no seu interior, faltando o entrosamento com as
zonas limítrofes; a intenção expressa no PDM, mas, que eu saiba, sem planos
concretos de implementação.
De
concreto, posso apenas referir o troço isolado de ciclovia na nova Avenida
Conde de Riba d’Ave, na Rebelva. Não considero a ciclovia do Guincho porque não
é o lazer que me interessa promover, mas sim a função utilitária da bicicleta.
De
facto e do que tenho visto até agora nas diversas interações com os serviços da
CMC, as intenções neste sentido não passam disso mesmo e eternizam-se.
Em
2012 recebi esta informação da CMC, no âmbito da minha mensagem à CMC “Proposta
para circulação de ciclistas em Carcavelos/Parede - GDCC 61538”:
“É com agrado
que ao analisarmos a sua proposta OP 2011, verificamos que as ciclovias
coincidem com as nossas propostas, nomeadamente:
- Ciclovia
interior S.João/Carcavelos – alternativa ciclável à Av. Marginal, que liga as
quatro estações de comboio (S. João, S. Pedro, Parede e Carcavelos), com
ligação ao paredão em S. João;
- Ciclovia
integrada no P.P. Carcavelos-Sul – integra a proposta de reconversão
urbanística da “Quinta dos Ingleses” e zona envolvente;
- Ciclovia
integrada no P.P. Quinta do Barão - integra a proposta de reconversão
urbanística da “Quinta do Barão” e zona envolvente, com ligação à Via
Longitudinal Sul;
Estas propostas
integram uma Carta Temática que abrange todo o território concelhio, a
denominada rede primária de modos suaves, e integra o processo de revisão do
PDM Cascais. Salientamos que a principal premissa dos estudos realizados até
então, é a de dar uma resposta capaz de utilizar os modos suaves nas
deslocações diárias – casa, emprego, escola, compras, etc., e não uma resposta
virada para o lazer.”
Passados
3 anos, e no
âmbito de uma outra proposta minha (que já vem de 2013, E-DMGI/2015/7176,
“Proposta para passeio na Avenida da República, Parede DMGI-2013-7962”, os
planos continuam a médio prazo:
"conforme informação prestada pela
Divisão de Obras de Vias e Infraestruturas , mantém-se a intenção em podermos
promover a intervenção pretendida. No entanto e porque no âmbito dos objetivos
a médio prazo da CMC há a pretensão em promover traçados de vias clicáveis e
pedo vias, certamente que a situação em apreço irá poder merecer avaliação e
eventual integração em objetivos mais vastos."
Qual é o horizonte deste médio prazo?
Gostaria
de sugerir que Cascais corre o sério risco de perder competitividade na
captação do turismo endinheirado com origem no centro e norte da Europa. Esses
visitantes têm pouca tolerância para o sufoco de trânsito do concelho e da vila
de Cascais, com a profusão de carros nos passeios, o ruído e o fumo constantes
(só o nota quem anda a pé junto das estradas e ruas; dentro dos automóveis os
filtros disfarçam essa poluição constante que nos entra nos pulmões). Cascais tornou-se uma cidade dos carros, ao invés de uma cidade das pessoas.
Quanto
aos residentes, julgo que a situação atual agrada à maioria. Levam o carro para
toda a parte, estacionam à porta de casa, mesmo que com isso dificultem o
acesso aos vizinhos, entopem as redondezas das escolas, colocando os filhos dos
outros em risco de atropelamento, enchem todos os passeios à volta das estações
do comboio e nos centros urbanos. Concebem este modo de deslocação como parte fundamental
da qualidade de vida que o concelho publicita.
Penso
porém que, gradualmente e vendo os exemplos de outras regiões, nomeadamente a
evolução que Lisboa está a fazer, os habitantes de Cascais começarão a perceber
o sufoco do trânsito automóvel e as más condições de mobilidade para quem não o
quer usar, e também entre estes Cascais perderá atratividade.
Gostaria
de chamar a sua atenção para um exemplo que conheci recentemente, Vilamoura, o
qual descrevi neste texto http://diaummais.blogspot.pt/2015/10/vilamoura.html . Trata-se naturalmente de
um exemplo limitado e isolado, quando consideramos cidades holandesas, alemãs,
belgas, suecas, dinamarquesas... Não tenho dúvidas que o Sr. Presidente conhece
muitos exemplos no estrangeiro; deixo-lhe, porém, aqui a minha impressão de Gent,
fruto de uma estada recente (em http://diaummais.blogspot.pt/2015/07/o-que-podemos-aprender-com-os-belgas-de.html)
Percebo que o tempo não seja de grandes investimentos. A introdução de ciclovias e a criação de condições para circular de bicicleta ou a pé em segurança e conforto, no entanto, na maior parte das vezes não exige grandes investimentos. Exige sim uma estratégia de planeamento alinhada nesse sentido e atenta a todas as oportunidades.
Poderá
ser suficiente a acalmia de trânsito aquando de uma remodelação, com a redução
da largura das vias, redução dos raios de mudança de direcção ou colocação de
lombas nas passadeiras. Ou a pintura de marcas delimitadoras de ciclovia em vias
largas - exemplo da Avenida da República na Parede, que tem largura em excesso
mas passeios péssimos, induzindo velocidade demasiado elevada. O nó de São
Domingos de Rana acabou de ser remodelado. Foi aproveitada a oportunidade e considerada
alguma facilitação da circulação em bicicleta?
Neste
preciso momento a Rua de Santarém está em obras. Esta rua sofre de excesso
grave de velocidade, apesar do sinal de máximo 30 km/h. É larga em certa zona,
mas o passeio é medíocre. A intervenção em curso vai resolver isto? O excesso
de velocidade pode ser resolvido por fiscalização, que não existe no concelho,
ou por desenho da via (no passado tentei que fosse colocada uma lomba, mas os
serviços da CMC recusaram, apesar de continuarem, e bem, a colocar noutros
locais, como exemplo um pouco acima, na Estrada da Rebelva). Assim que me
apercebi da intervenção, abri o pedido E-DMGI/2015/7254 para que fosse
aproveitada a obra para com pequeno (ou talvez nenhum) investimento adicional,
fossem melhorados o passeio e a segurança para peões e ciclistas. Receio, porém
que tal não aconteça.
Gostaria
ainda de referir que, criadas algumas condições (que como tento sugerir acima,
não passam necessariamente pela criação de ciclovias formais), haveria muitas
pessoas a circular em bicicleta e a pé, criando um ciclo virtuoso de maior
segurança e cada vez mais utilizadores.
No
primeiro orçamento participativo, na sessão de Carcavelos, 7 das 26 ideias que
subiram a plenário eram relativas a bicicletas. Existe portanto procura.
Ao
longo dos anos já enviei à CMC diversas sugestões neste âmbito, que terei todo
o gosto de enviar novamente (exemplos em http://diaummais.blogspot.pt/2009/11/uma-proposta-para-circulacao-ciclista.html ou http://diaummais.blogspot.pt/2015/06/mobilidade-saudavel-para-carcavelos-uma.html)
Gostaria
de ver Cascais na vanguarda desta revolução inevitável, na qual Portugal se
destaca pela negativa, continuando a promoção das deslocações em automóvel,
com as graves consequências que se vão
conhecendo todos os dias. Infelizmente, porém, mesmo no panorama nacional
Cascais e Oeiras persistem em ficar na cauda. E lamento-o em especial por ser o
concelho onde vivo e onde os meus filhos crescem, um concelho que não protege
quem não quer ou pode andar de carro.
Agradeço
a Sua atenção e desejo que envide os Seus melhores esforços para que Cascais
promova a deslocação a pé e de bicicleta em segurança e conforto.
Melhores
cumprimentos
João
Pedro Fernandes