sábado, 24 de setembro de 2011

O ciclista em Portugal

Em Portugal o ciclista é um pária. Se chega ou passa de bicicleta, é certamente alguém que não tem recursos para mais. Por isso, cuidado.

Isto não se aplica ao ciclista-desportista, está claro. Esse anda em sítios próprios para o desporto, com equipamento topo de gama e vestido de licra a rigor. Esse ciclista é cool e, em todo o caso, não chateia na estrada e na rua. A bicicleta desse ciclista só se avista normalmente no tejadilho do carro, a caminho do local-apropriado-ao-passeio-desportivo-de-bicicleta. Mesmo que chateie um bocado na estrada, é alguém que está a fazer desporto. E claro, fazer desporto é de longe mais digno que fazer exercício no âmbito da actividade normal. Tal como andar a pé, ou de bicicleta.



O que interessa aqui, é o ciclista-utilitário. E esse, em Portugal, é um pária.




Há uns tempos, levei o carro para a revisão. E como da oficina para o trabalho ainda era uma certa distância, levei a bicicleta para fazer esse percurso rapidamente. Assumi o papel de ciclista-utilitário. Um pária, portanto.



No meu local de trabalho da altura, tinha cartão para entrar de carro na garagem sem pedir a ninguém; se entrava de mota, abriam-me a cancela de acesso sem mais questões, a mota estava autorizada. Porém, quando cheguei de bicicleta, representava algo estranho ou perigoso. Ainda disse que passava o cartão e não se falava mais no assunto. Se tinha autorização para entrar de carro, potencialmente até ocultando pessoas na bagageira, porque não haveria de poder entrar de bicicleta?
Não. Foi necessário obter autorização do chefe e depois o segurança lá me deixou entrar.



É assim em Portugal. O ciclista é um pé-descalço que só anda de bicicleta porque, coitado, não pode ter mais.





sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Trânsito de bicicleta

Ontem o meu filho foi pela primeira vez na sua bicicleta para a escola. E não é um percurso fácil, antes pelo contrário, tem tudo para se andar de carro e não a pé ou de bicicleta.
Vale a pena ler Já podia ser a Holanda?


Quantas mais crianças iriam de bicicleta para as escolas se existissem condições?
Talvez a crise venha ajudar.

domingo, 18 de setembro de 2011

Marginal sem carros

O circo está de novo montado. E eu compareci.
As zonas adjacentes à Marginal estão pejadas de carros, como habitualmente. Andar de bicicleta sim, mas nos locais estritamente destinados ao efeito.





Nem sabia que havia um tão grande número de bicicletas ansiosas por deixarem a arrecadação ou a garagem, onde passam a maior parte da vida.

Não seria preferível utilizar este orçamento para paulatina e anualmente ir implementando uma rede ciclável, essa sim com resultados duráveis no lazer e na mobilidade?
Eu acho que sim.

Eventualmente estes eventos servem para preparar o caminho e as mentes, na opinião pública e em especial na Câmara Municipal.
Oxalá.

sábado, 17 de setembro de 2011

Nuno Crato

Acredito neste Ministro da Educação, pelo que já conhecia do seu pensamento e pelo que o ouço dizer agora. Não me parece ter mudado de opinião agora que faz parte do Governo.


Este ministro é pelo "back to the basics": quais objectivos etéreos para os alunos, quando estes não sabem ler e interpretar um problema? Quais Magalhães se ainda não sabem escrever? Quais Projecto e Estudo Acompanhado (seja isso o que for, confesso que não sei) quando não há suficiente tempo para o Português e a Matemática? Quais princípios duvidosos de educação moderna se os alunos não têm hábito de trabalho e de obrigação?


Vamos ver se a pesadíssima máquina burocrática do ME e os anquilosados e fora de tempo sindicatos do sector falham no previsível boicote.
Bem faziam os professores (pelo menos os bons) em retirarem força aos sindicatos e aproveitarem o que de bom poderá resultar deste Ministro. Os (bons) professores só têm a ganhar com uma política de não-eduquês.